Trecho extraído do livro Encontros no Tempo, Francisco Cândido Xavier/ Emmanuel
Entrevista concedida ao Jornal Espiritismo e Unificação de Santos/SF) em sua edição de junho de 1977.
Gostaríamos de um depoimento pessoal seu, acerca das dificuldades que enfrentou nesses 50 anos de mediunidade. Isso porque, muitas vezes, julga-se que um médium como você, um líder ou dirigente, é um ser privilegiado, que não suporta dores e aborrecimentos. Suas palavras poderão ajudar a muitos a suportar pequenos problemas em benefício da causa e de si mesmos.
R - "Nunca me identifiquei na condição de um ser privilegiado. Perdi minha mãe aos cinco janeiros de idade. Fui entregue a um lar estranho ao que me vira nascer, onde, felizmente, apanhei muitas surras. Comecei a trabalhar aos dez anos de idade, numa fábrica de tecidos, onde estive quatro anos. Adoecendo dos pulmões por excesso de pó, ao respirar com meu corpo ainda frágil, passei imediatamente a servir na condição de caixeiro, num pequeno armazém, onde dividia o trabalho entre as vendas e os cuidados com a horta dos proprietários, num esquema de horários que ia das sete da manhã às nove da noite.
Em 1931, entrei para o Ministério da Agricultura ao qual servi por trinta e dois anos consecutivos. Adoeci dos olhos, igualmente em 1931 e perdi totalmente a visão do olho esquerdo, há quarenta e seis anos. Já passei por cinco operações cirúrgicas de grande risco; sempre lutei com doenças e conflitos em meu corpo e em minha mente e, por fim, sou agora portador de um perigoso processo de angina, com crises periódicas que me levam a moderar todos os meus hábitos.
Com tantos problemas que vão me ajudando a viver e a compreender a vida, não sei que privilégio a mediunidade teria trazido, em meu favor. Digo assim porque se completo agora 50 anos sucessivos de tarefas mediúnicas ativas, também completei quarenta anos de trabalho profissional intenso, em 1961, de cuja aposentadoria trouxe a consciência de não haver faltado com as minhas obrigações.
E pode crer você que falando a nosso Emmanuel sobre isso, ele me disse não ver qualquer vantagem a meu favor, porque apenas tenho procurado cumprir o meu dever e reconheço, de minha parte, que os meus deveres são imperfeitamente cumpridos."
P - Qual o caminho mais fácil para alcançar-se a felicidade?
R - Caro amigo, o caminho da felicidade, bem sei qual é. É o caminho que Jesus nos apontou, ensinando-nos 'a amar ao próximo, tal qual Ele mesmo nos ama e nos amou'. Difícil para mim é andar no caminho da felicidade, embora eu saiba que o mapa está no Evangelho do Senhor..."
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