Camilo Castelo Branco
A Doutrina
Espírita presta-se aos mais variados enfoques de estudo, especialmente os
que tangem às Ciências Humanas.
O momento do
seu nascimento, o século XIX, é um campo fecundíssimo para tal: é a
primeira vez em que o planeta, globalmente, se comunica, e que, graças a
essa comunicação, todo o conhecimento humano é reavaliado, refundido e
reestruturado.
Antigas
ciências adquirem abordagens mais profundas e sistematizadas, novas
ciências se lhes juntam. Por toda a parte se estuda, pesquisa, desenvolve,
produz. Assim é com os trabalhos da antiga História, da nascente
Psicologia, do prometido Consolador.
A obra do
prof. Rivail reflete o melhor conhecimento seu século, quer na sistemática
de trabalho quer, principalmente, no método de pesquisa a que recorre, na
aliança da fé, da ciência e da filosofia, como Darwin, Freud e Marx o
fizeram nas expressões isoladas em que se destacaram.
CAMILO, PELA
HISTÓRIA
Camilo
Castelo Branco é um dos maiores nomes da literatura portuguesa no século
XIX. Senhor de notável erudição - referência obrigatória para o estudioso
da língua -, polemista notável, sua obra abrange campos tão variados como
o jornalismo, o romance, a crítica, a história e a poesia.
No plano
pessoal, entretanto, toda a existência de Camilo afigura-se como um
desenrolar de profundos dramas: um observador não-espírita indagaria o por
quê de tanta dor... O próprio Camilo não o sabe, mas se questiona, sonha,
vive e trabalha, amadurecendo o fruto dessa dor em uma vasta obra.
Cínico às
vezes, outras variando da absoluta incredulidade até à credulidade mais
pueril, seus temas são os da busca do amor, da felicidade, ou a
demonstração da sua impossibilidade. De seus escritos provêm a sua
subsistência e de seus familiares, e as dificuldades forçam-no a escrever,
escrever sempre mais...
Para os
espíritas, o caso de Camilo suicida é mais eloqüente do que qualquer
dissertação teórica, referência obrigatória para o estudo do tema, através
da mediunidade de Yvone Pereira. Entretanto, ao iniciar este trabalho,
espírita, historiador e admirador da prosa camiliana, a premissa era mais
ambiciosa, mais vivaz:
-
ordenar os fatos conhecidos da biografia "post-mortem" de Camilo, se possível confrontando-os com fatos conhecidos de sua vida no século XIX;
-
comparar os diferentes episódios dessa "biografia", apresentados por fontes mediúnicas independentes, distantes entre si quer no tempo, quer no espaço;
-
registrar coincidências ou discrepâncias significativas entre as fontes estudadas;
-
identificar possíveis pontos de contato entre as fontes em Portugal e no Brasil, bem como as características particulares dos respectivos trabalhos;
-
reconhecer o papel da FEB - Federação Espírita Brasileira, na preservação e unificação das obras, bem como os mecanismos legais para fazê-lo.
Por
trabalharmos com um personagem conhecido e relativamente recente em termos
históricos, é fácil verificarmos os fatos da cronologia de sua vida
terrena: a bibliografia camiliana é imensa, tanto em Portugal quanto no
Brasil.
Ao mesmo
tempo, pela permissão do Alto, as informações que se filtram em suas obras
psicografadas, permitem uma reconstrução bastante precisa de sua
existência no Além.
Nessa espécie
de quebra-cabeças de eventos, médiuns e obras, ao estudioso cabe o ajuste
e a montagem das peças que estão separadas por fontes distintas entre si,
no espaço e no tempo, recompensado pela beleza do mosaico que desvenda
ante si.
Para uma
referência mais ágil às principais obras a que recorremos, utilizaremos as
seguintes siglas: Memórias de um Suicida (MS), Nas Telas do Infinito (TI),
e Do País da Luz , vols. I a IV (PL I a IV). Ao final do trabalho, um
comentário bibliográfico referindo as edições consultadas, bem como as
notas pertinentes.
O médium
Fernando de Lacerda
CAMILO, POR
CAMILO
21/mai/1890 -
Após tomar conhecimento pelo médico de que sua cegueira era irreversível,
Camilo dispara um tiro de revólver no ouvido direito. São 15:15h na sua
quinta de São Miguel de Seide (N de Portugal): às 17:00h Camilo
desencarna1.
jan/1891 -
Após meses vagueando sem destino em torno dos próprios restos mortais,
Camilo é detido no Vale dos Suicidas (MS pg. 15), abrigo de réprobos
oriundos de Portugal e suas colônias africanas, Espanha, e Brasil (MS pg.
18). É a data com que se inicia o Memórias de um Suicida.
20/set/1895 -
Desenlace de Ana Plácido, segunda esposa de Camilo, a quem dá três filhos.
Apesar de amá-la extremosamente em vida, inclusive se envolvendo em
rumoroso processo que culmina em sua prisão na Cadeia da Relação no Porto
(casada, Ana Plácido foge do marido para viver com Camilo), na biografia
"post-mortem" do escritor não há nenhuma referência direta a esta com quem
passou a maior e mais fecunda parte de sua vida literária.
nov/1903 -
Camilo se encontra há pouco tempo no Hospital Maria de Nazaré, da Legião
dos Servos de Maria. A data é do episódio da visita de Jerônimo a Portugal
(MS pg. 102). O ano de 1903 parece ser confirmado à pg. 193 (MS): "dentre
tantos que convosco ingressaram há três anos, (...)", com relação a
acontecimentos descritos como tendo ocorrido em 1906.
1904 - Data
provável da 1a. caravana com Camilo à crosta terrestre (vide 1906):
trabalhos de conscientização de suicidas no interior do Brasil (MS pg. 149
- a referência é feita ao primeiro decênio deste século).
1906 - cerca
de dois anos após a primeira caravana (MS pg. 175), o médium português
Fernando de Lacerda, por iniciativa própria, já havia entrado em contato
com Camilo.
As primeiras
comunicações deste pelo médium, registram-se em 1906 (1906-02=1904, data
provável da caravana acima), quando Camilo começa a ditar as cartas que
originam a obra Do País da Luz (MS pg. 176)2. É um ano de
franca atividade para o escritor e seus companheiros de enfermaria: voltam
à crosta terrestre - a Portugal - em uma segunda caravana com o fim de
obter alta do Hospital Maria de Nazaré (MS pg. 373), e prosseguem as
comunicações de Do País da Luz, que acendem viva polêmica (MS pg. 377 e
segs.).
Sem sucesso
em Portugal 3, Camilo e seus companheiros transferem-se para o Brasil (MS
pg. 385) em busca de campo mais fecundo de trabalho, sem abandonar as
comunicações de Do País da Luz (MS pg. 386). Nas próprias palavras de
Camilo: "voltamos à Terra muitas vezes, permanecendo em suas sociedades,
com pequenos intervalos desde os primórdios de 1906." (MS pg.
481).
28/out/1906 -
1a. carta de Camilo por intermédio de Fernando de Lacerda a
Silva Pinto, conhecido de Camilo (PL I pg. 66).
18/nov/1906 -
2a. carta a Silva Pinto, pelo mesmo médium (PL I pg.
85).
20/nov/1906 -
3a. comunicação de Camilo (PL I pg. 95)
20/nov/1906 -
4a. comunicação de Camilo (PL I pg. 99).
20/abr/1906 -
5a. comunicação - Carta a Silva Pinto (PL I pg.
109).
05/dez/1906 -
6a. comunicação, acerca de Silva Pinto (PL I pg.
143).
15/jan/1908 -
prólogo de Souza Couto ao Vol. I de Do País da Luz (pg.
11)4.
29/abr/1908 -
dedicatória de Fernando de Lacerda ao Vol. II de Do País da Luz (pg.
7).
06/mai/1908 -
prólogo de Souza Couto ao Vol. II de Do País da Luz (pg. 11).
26/mai/1908 -
prefácio de Fernando de Lacerda ao Vol. II de Do País da Luz5
(pg. 23).
1910 - após
dez anos de internação (MS pg. 448) Camilo recebe alta da instituição
hospitalar, ingressando na Universidade da mesma instituição. Nos
primeiros tempos da Universidade, reencontra sua mãe, seu pai, e sua
esposa falecida. Ele se refere a esse enlace como "matrimônio venturoso"
(MS pg. 487), pelo que presumimos se trate de Ana Plácido, uma vez que a
primeira esposa de Camilo, Maria do Adro, morreu de tuberculose, com pouco
tempo de casados.
01/abr/1911 -
carta de Silva Pinto na abertura do Vol. III de Do País da Luz (PL III pg.
11).
mai/1911 -
prólogo de Fernando de Lacerda à 2a. edição do vol. I de Do
País da Luz (pg. 53). A 1a. edição havia-se esgotado em poucos
meses (1908?). A 1a. edição do Vol. II já havia sido lançada em
1908. Esta 2a. edição do Vol. I sai com a reedição do Vol.
II,
e com a 1a. edição do Vol. III (PL I pg. 54), que também é de
1911.
jun/1911 -
prólogo de Fernando de Lacerda ao Vol. III de Do País da Luz6
(pg. 13).
25/jul/1911 -
Fernando de Lacerda chega ao Rio de Janeiro, no
Brasil7.
nov/1911 -
desencarnação de Silva Pinto (PL IV pg. 37).
1912 - por
volta desta data (MS pg. 486), dois anos após o reencontro com seus
familiares, Camilo toma contato com as suas vivências passadas para fins
didáticos (MS pg. 490, 493, 499).
07/ago/1918 -
desencarnação, no Brasil, de Fernando de Lacerda.
1919 -
copyright da FEB de Do País da Luz.
1919 - data
provável do lançamento do Vol. IV de Do País da
Luz8.
1926 - Camilo
se comunica no Brasil, em Lavras/MG, pela jovem médium Yvone A. Pereira,
que trabalha com atendimento a suicidas. É o inicio de um trabalho que
será compilado 20 anos mais tarde: o Memórias de um Suicida (MS pg.
7)9.
1930 -
graduado na Universidade da instituição dos Servos de Maria, Camilo passa
a servir na enfermaria do Hospital, em lugar de Joel, seu antigo
enfermeiro, que reencarnara (MS pg. 546).
mai/1930 -
Yvone A. Pereira inicia a novela O Tesouro do Castelo (TI pg. 61),
narrativa assinada por Camilo (TI pg. 66).
1936 - Camilo
está escrevendo após cerca de 30 anos, referindo-se a acontecimentos
ocorridos cerca de três anos após seu ingresso na instituição-hospital (MS
pg. 346). Cruzando essa informação com a datação de 1903 como seu ingresso
no Hospital, temos o ano de 1936 como data aproximada de inicio da criação
de Memórias de um Suicida10.
1942 - "faz
precisamente cinqüenta e dois anos que habito o mundo
astral" (MS pg. 544): assim Camilo inicia o final de suas
memórias...
1945 - data
provável da reencarnação de Camilo. Segundo a diretriz-base traçada para
essa nova existência, trabalharia como médium curador (MS pg. 546),
devendo cegar aos 40 anos de idade (MS pg. 565) e desencarnar aos 60 anos
(MS pg. 566).
1946 - Yvone
A. Pereira reinicia os trabalhos de psicografia do Memórias de um Suicida
. Na introdução da obra, ela nos informa que teve que esperar oito anos
para prosseguir essa tarefa (MS pg. 10), já que impedida temporariamente,
ao fim desse impedimento, Camilo só a procurou para lhe participar a sua
(dele) próxima reencarnação (data do Copyright da FEB e do prefacio da
1a. edição = 1954 - 1 ano despendido no prefácio cf. pg. 10 =
1953 - 08 = 1945 data provável da reencarnação de Camilo).
18/mai/1954 -
introdução de Yvone A. Pereira no Memórias de um Suicida (pg.
12).
1954 -
copyright da FEB da obra Memórias de um Suicida11.
1955 -
copyright da FEB de Nas Telas do Infinito.
1956 -
1a. edição do Memórias de um Suicida.
04/mai/1957 -
prefácio da 2a. edição revisada, do Memórias de um Suicida (MS
pg.
14).
1985 - aos 40
anos Camilo reencarnado, conforme a diretriz-base, deveria novamente arcar
com a provação da cegueira (MS pg. 565).
2006/2007 -
aos 60 anos, Camilo reencarnado, por aquela diretriz, deverá desencarnar
(MS. pg. 566).
CONCLUSÃO
Como
afirmamos, do casamento de nossos interesses no espiritismo, na história e
na literatura, surgiu o esboço do presente trabalho.
Mais do que
descrever a rotina de um espírito após a desencarnação (e a imensa
popularidade das obras de André Luiz é mais do que eloqüente para
demonstrar o interesse que esse assunto desperta), a análise global da
passagem de Camilo pelas lides do movimento espírita, serve de subsídio a
estudos maiores a todos os que trabalham não só com o tema suicídio, mas
também reencarnação, fisiologia da alma, vivências passadas com fins
terapêuticos e outros, temas em grande parte, ainda carentes de estudos
mais profundos. Nesse sentido, este trabalho não é o fim, mas apenas um
modesto começo, e esperamos que ele tenha transmitido tanto prazer quanto
a sua pesquisa proporcionou.
Registramos
por último, nossos agradecimentos ao GEAE (http://www.geae.inf.br) pelo
apoio em Portugal à pesquisa bibliográfica, e ao Alto pela constante
inspiração, graças às quais este estudo chegou à sua forma presente,
momento em que o repartimos com os leitores.
O QUE HÁ PARA
SE LER
PEREIRA,
Yvone A.. Memórias de um Suicida (5a. ed.). Rio de Janeiro:
FEB, 1975.
Obra
mediúnica, atribuída por Yvone Pereira a Camilo Cândido Botelho, talvez
ainda pensando nas implicações jurídicas que o caso Humberto de
Campos/Irmão X causou à época com o médium Francisco Cândido Xavier.
Junto com o O
Martírio dos Suicidas de Almerindo Martins de Castro (FEB, 1940), é obra
básica para o estudioso do tema Suicídio. A autoria de Camilo Castelo
Branco, entretanto, é clara para quem conhece a vasta obra em vida desse
autor, quer pelo estilo, quer pelos fatos narrados, e mesmo pelos nomes
componentes do pseudônimo que ocultam o real autor. É a primeira obra de
Yvone Pereira publicada pela FEB (1954).
PEREIRA,
Yvone A.. Nas Telas do Infinito (5a. ed.). Rio de Janeiro: FEB,
1978.
Também
mediúnica, a obra enfeixa dois contos: o primeiro de Adolfo Bezerra de
Menezes, e o segundo de Camilo, nesta edição consultada, já atribuído ao
próprio autor. A obra é publicada no ano seguinte ao Memórias de um
Suicida, em 1955.
LACERDA,
Fernando de. Do País da Luz (4 vols.: vol. I - 6a. ed.; vol. II -
5a. ed.; vol. III - 4a. ed.; vol. IV -
3a. ed.). Rio de Janeiro: FEB, 1984.
Coletânea
psicografada pelo médium português Fernando de Lacerda entre 1906 e 1918.
Abrange mensagens entre outros, dos maiores vultos da literatura
portuguesa do século XIX. A acirrada polêmica que causou à época, muito
contribuiu para a divulgação do Espiritismo em Portugal, que vivia as
agitações que precederam a proclamação do regime republicano naquele país
(1910) e que viriam a sacrificar o próprio médium, que se auto-exila no
Brasil por recomendação dos próprios espíritos.
A FEB adquire
os direitos da obra em 1919, e é no Brasil que ela sobrevive durante as
décadas de regime salazarista em Portugal, quando manifestações de cunho
religioso diversas da religião oficial do Estado - Católica - eram
violentamente reprimidas. Obra relativamente pouco conhecida na atualidade
(a edição consultada, de 1978, é apenas a 6a. do vol. I e a
3a. do vol. IV), é uma fonte interessantíssima para o
historiador do Espiritismo, ou mesmo o amante da literatura. Se isso não
bastasse, a obra contém entre outras, mensagens de Kardec (Vol. II pg.
176), Napoleão (Vol. I pg. 80), D. Pedro II do Brasil (Vol. IV pg. 263) e
outros, particularmente interessantes por sua atualidade.
SOARES,
Sylvio Brito. Grandes Vultos da Humanidade e do Espiritismo
(2a. ed.). Rio de Janeiro, FEB, 1975.
Originalmente
publicada em 1961, no ano seguinte seguia-se-lhe uma biografia de Bezerra
de Menezes. Bastante proselitista, a obra é interessante como uma
tentativa de comprovar que alguns dos grandes vultos da humanidade
possuíam faculdades mediúnicas inconscientes, graças às quais teriam se
projetado nos mundos literário, musical e cientifico. Inclui um perfil de
Camilo, tornado vulto da Humanidade e do Espiritismo pelo autor e
(principalmente) pela mediunidade de Yvone Pereira.
NOTAS
-
Para um depoimento pessoal de Camilo, vide MS pg. 33;
-
Para uma identificação mais precisa de Fernando de Lacerda (Fernando Augusto de Lacerda e Mello - *06/ago/1865 +07/ago/1918) vide MS pg. 303: caso de Albino, filho do suicida Jerônimo - alusão à rainha portuguesa Dna. Amélia (Dna. Amélia de Orleans e Bragança, esposa de D. Carlos I, assassinado a tiros em 01/fev/1908). Vide ainda as referências de Souza Couto no prólogo do Vol. I de Do País da Luz (pg. 16), a excelente nota biográfica O Médium Fernando de Lacerda na revista Reformador de ago/1988 (pgs. 247-249) e a bonita mensagem Reminiscências psicografada pelo médium brasileiro Divaldo P. Franco a 21/set/1980 em Lisboa, Portugal, publicada pela revista Reformador de jul/1981 (pg. 200).
-
Acerca das dificuldades que Camilo encontrou nas suas tentativas de comunicação mediúnica, vide ainda o depoimento de Yvone Pereira em Devassando o Invisível, FEB, Rio de Janeiro, 1963, pgs. 63-64.
-
São deste prólogo as referências à revista portuguesa Estudos Psiquicos, editada por Souza Couto, em ano que não nos foi possível localizar.
-
O Vol. II de Do País da Luz contém três mensagens de Camilo, das quais Fernando de Lacerda omite a data: pgs. 85, 91 e 222 (Camilo a Silva Pinto). Pelo teor são posteriores às do Vol. I.
-
No Vol. III de Do País da Luz há apenas uma mensagem de Camilo (pg. 162). Nela se faz referência às experiências do Vale dos Suicidas, descritas no MS, e à invocação inicial de Camilo feita por Fernando de Lacerda, quando Camilo se encontrava ainda internado.
-
Esta é uma das informações mais interessantes do trabalho, uma surpresa para nós que a desconhecíamos: Perseguido pela imprensa republicana em Portugal devido ao seu trabalho mediúnico, Fernando de Lacerda perde sua função pública em Portugal, e permacerá no Brasil até ao fim de seus dias. Vide a revista Reformador, ago/1988, pgs. 247-249.
-
O Vol. IV de Do País da Luz é póstumo a Fernando de Lacerda, e não pudemos identificar se a primeira edição deste volume foi feita em Portugal como aparentam os anteriores da série, ou no Brasil, já pela FEB - a segunda hipótese é mais provável. O prefácio de autoria do próprio Fernando de Lacerda, é mediúnico, e a seu pedido, todas as datas são removidas, um dos motivos pelos quais não há ordem cronológica nas mensagens. A julgar pela de abertura, pela de Eça de Queiroz (PL IV pg. 13), e pela de D. Pedro II do Brasil (PL IV pg. 263), parte das comunicações são recebidas entre 1911 e 1918 já no Brasil, o que é corroborado pela data da desencarnação de Silva Pinto (nov/1911 cf. PL IV pg. 37) autor de algumas mensagens, e pela única comunicação de Camilo nesse volume, justamente a respeito desse desenlace (PL IV pg. 218).
-
O ano de 1926 é confirmado pela própria médium. Vide os Dados biográficos de Yvone A Pereira para a Federação Espírita Brasileira (Final) (pg. 61) na revista Reformador de fev/82.
-
Há um conflito aparente nas datas, já que por essa indicação o início da criação do MS seria 1936. Entretanto, pelo depoimento de Yvone Pereira, ela é recebida em fragmentos, finalmente compilados a partir de 1946, provavelmente pelo espirito de Leon Denis, autor do prefácio à segunda edição.
-
Para uma correta noção dos fatos que envolveram a publicação das primeiras obras pela psicografia de Yvone A Pereira, vide as próprias notas biográficas da médium na revista Reformador dos meses de jan e fev/1982.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
***